sábado, fevereiro 10, 2007

A Árvore da Vida


Acabei de ler o meu livro de cabeceira. Foi sem duvida um dos mais sentidos que li. Aprendi e recordei muito, e no final fiquei a pensar se devemos dar importância ás coisas materiais ou ouvir o que diz o nosso coração.
Nos dias que hoje correm , muitos são o significados e lições que filtramos duma vida que passa a 200 á hora e não deixa espaço para manobras arriscadas. Esperando um dia conseguir perceber o que me trouxe a este mundo e a esta realidade, caminho por um percurso sinuoso cheio de entroncamentos que me desviam da rota guiada pela estrela, outrora seguida pelos reis magos.
Ao se seguir um caminho encontram-se outras vidas, realidades, obstáculos, e na escolha que se faz num segundo, quer saibamos ou não, estamos a jogar com a nossa existência e com a de quem está perto de nos. Nesta coisa de viver a escolher é preciso encontrar orientação em analogias que nos ajudam a perceber qual a encruzilhada a virar ou qual a força com que devemos chutar as pedras do nosso caminho para não acertar em ninguém.
Um dia, no meu jardim, entregue ao meu pensamento e olhando um bonito e imponente carvalho vieram-me á cabeça algumas analogias... Reparei no seu forte tronco, os enormes ramos que se dividiam em ramos mais pequenos e esses ramos dividiam-se em galhos que por sua vez ostentam todas as folhas. Esta divisão levou-me a um pensamento profundo, e das tantas vezes em que é denominador comum na nossa vida. No primeiro momento só reparei no que tinha à minha frente, o que saia desde o chão até ao céu ... e o que está por baixo...?- pensei. Imaginei as fortes raízes que cresceram desde o pequeno bugalho para se agarrarem ao pedaço de terra que lhe foi oferecido, na oportunidade de ali sugar tudo o que precisava para crescer e sobreviver.
Foi ali que caiu, e ali se tornou neste belo e forte carvalho. Das raízes extraiu toda a força para o seu sustento, sugou da vida para construir a sua. Mas seria este o melhor pedaço de terra para crescer? Haveria aqui o sustento para subir em direcção ao sol? E o sol, estaria sempre a brilhar?
Penso que o bugalho nada sabia, nem pouco se importava, pois foi aqui que o deixaram e não em mais lado nenhum. Hoje é um carvalho enorme. Forte e belo. Faz-nos perceber que até aquele bocadinho de terra consegue fazer crescer um ser tão inabalável.
Também na nossa vida as raízes tem de ser fortes, espalhadas e selectivas. É da base que parte todo o ser, da base se constrói a vida. Quando ainda somos bugalhos não temos a noção do futuro, vagueamos num rumo incerto, mas que nos transporta para muitos lugares e nos faz sentir as consequências desses rumos. A única coisa com que podemos contar é o pequeno lugar onde nos deixaram crescer.
A conquista diária para sugar o mais pequeno laivo de seiva é transformada numa grande vitória, contudo, para conseguir essas vitorias é preciso dar à persistência e á coragem espaço para crescerem, lugar para se maturarem. Com isso conseguimos engrossar o nosso tronco, capaz de suportar todas e quaisquer ramificações. Com o passar do tempo mais ramos vamos tendo, mais folhas vão nascendo para que em toda a sua amplitude se sugue da vida, em todas as direcções. Por vezes há ramos partidos, folhas velhas levadas pelo vento, coisas que nos são roubadas ou simplesmente perdidas no nosso caminho. Mesmo nessas alturas temos que escolher, deixa-las cair para crescerem outras no seu lugar, ou simplesmente deixar a ferida transformar-se em cicatriz para nos lembrar-mos sempre da sua perda. Perder é tão bom como ganhar, em ambas as possibilidades sabemos que houve um objectivo á nossa frente e que, duma maneira ou doutra, ele esteve no nosso caminho para nos ensinar algo, para que na nossa escolha em perder ou ganhar nos levará para um céu diferente e mais azul do que o anterior.
E assim nascem novos ramos, mais fortes e belos que os anteriores. Novas galhos e novas folhas preenchem o nosso espaço duma maneira mais intensa e proveitosa. Com eles crescemos mais. Com eles iremos mais longe. Com eles alimentamos a nossa vida cada vez mais ocupada e projectada para um céu cada vez mais alto. Sem eles podemos enfraquecer. Sem eles podemos morrer. Sem eles poderá não haver futuro porque é neste todo que chamo árvore ao lindo Carvalho que tenho á minha frente.

1 comentário:

  1. bem... talvez já tenha descoberto este blog um pouco tarde... porque vejo que já não é acrescentedo nada há algum tempo....

    de quelquer forma...andei a passear pelos blogs de Oliveira de Azeméis e só encontrei um que achei interessante... este... finalmente alguém daí consegue olhar um pouco para dentro e consegue alhear-se da bela roupinha de marca, ou do carro topo de gama, ou doutra coisa qualquer material, claro!

    Deixo os meus parabéns... e votos para que continue....

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